Não tem voz, mas tem lindas histórias para contar.
Uma folha cresce de uma árvore como uma criança cresce do ventre de uma mulhe, pequena, frágil, cheia de cor... baloiça ao sabor do vento como uma criança baloiça no parque do fundo da rua... respira, alimenta-se, entra e contacto com outras folhas e por vezes, em dias de tempestade a vida pode parecer difícil para ela, mas sabe que pode contar com os ramos da sua progenitora para a proteger. Talvez aí resida a vantagem que levam em relação aos humanos, é que muitas crianças não têm os braços da sua mão para as proteger e dizer que turo irá ficar bem, nem irmão como a folha tem... nem ninguém.
A folha também se apaixona, apaixona-se pelo ar, pela chuva, pelo chão que anseia tocar, pelas pessoas que choram, riem, brincam, amam e odeiam debaixo delas.
A folha dá-nos sombra oxigénio para viver, sombra para o conforto, abrigo para os anumais, divdersão no outono, beleza para o nosso jardim, mas nunca, nunca pede algo em troca.
A folha aguarda sempre lá fora pela sua, para amar a si e consigo, para sofrer por si e consigo, para o reconfortar e dançar consigo.
Quando a folha cai, não cai com rancor, não envelhece com dor, nem se importa de ser calcada porque sabe que asceu para o mundo e sabe que será recolhida por ele.
Quem me contou foi uma folha!
